Desde que a Mila nos contou sobre o pré-diagnóstico de câncer nossas vidas começaram a mudar.
Naquele momento tinha
início o milagre que Deus tinha nos preparado.
Contudo, em razão do
imenso amor que nutrimos pela Mila e da alegria certa que ela nos proporcionava
com sua presença física, naquela época o único milagre que cogitávamos era o
físico – a sua cura física. E pedimos, acreditamos e confiamos na cura física.
E a Mila, provavelmente
já conhecedora da sua missão – embora não numa consciência humana – nos pediu e
repetiu: ainda que as coisas compliquem
muito não deixem de rezar por mim. E assim fizemos.
Guiados pela Mila e
inspirados em sua alegria – exteriorização da sua intimidade com Deus Espírito
Santo – seguimos firmes na FÉ! E tudo o que nos propusemos a fazer, por mais
que fugisse da lógica da razão aos olhos de quem não estava diretamente
envolvido, foi sobrenaturalmente bem sucedido.
Tudo na história da vida
terrena da Mila teve algo de extraordinário.
E a cada ação bem-sucedida
(ingresso no MD Anderson, campanha da rifa, tutela antecipada na ação judicial,
bazar, etc.), eram muitos os que dobravam seus joelhos em agradecimento a Deus,
inclusive aqueles que por vezes acharam desarrazoadas algumas de nossas
pretensões.
E a evangelização que a
Mila havia combinado com Deus ia ganhando envergadura.
E foi nesse momento que
Deus permitiu que a doença reduzisse significativamente, o que nos deixou
radiantes. Era o milagre que tanto acreditávamos acontecendo.
Nesse tempo de sucesso do
tratamento da imunoterapia, a Mila, com carinho, amor e autoridade que lhe eram
peculiares, nos aprofundou na FÉ.
Toda aquela alegria de
viver aliada à saúde em ascensão nos enchia os olhos e nos impulsionava a
lapidar nossa intimidade com Deus.
E foi, então, em um
segundo momento, que Deus permitiu que a doença se alastrasse.
A nossa FÉ pareceu
abalada. Porém, a Mila, com o mesmo carinho, amor e autoridade, ditou nosso
ritmo. A nossa FÉ tinha que ser fortalecida, independentemente da circunstância.
E como ela trabalhou
neste propósito. Ela nos fez ver, bem além da imagem religiosa, a face de
Cristo; nos conduziu a dimensionar a dor que Cristo sofreu na cruz por amor a
nós; nos fez crer no poder de restauração da hóstia consagrada.
Era simplesmente lindo
vê-la receber o corpo e o sangue de Cristo. Para sempre vou guardar na minha caixinha
das melhores lembranças aquele sorriso lindo no momento em que ela recebia a
sagrada comunhão – era pura confiança em Deus.
E foi assim, numa
confiança inabalável no amor de DEUS, que a Mila se manteve admiravelmente
forte diante de Seus desígnios.
No dia do seu
aniversário, no último dia 29/04/2016, data em que a Mila completou 33 anos,
tive a oportunidade de usufruir de um tempo bom na sua companhia.
Naquele dia, segurei
carinhosamente suas mãos e lhe disse que eu tinha certeza que antes dela vir a
este mundo ela tinha feito um combinado com
Deus: se doar para salvar almas e corações. Eu lhe disse, com toda sinceridade
e gratidão, que ela tinha salvado minha alma e meu coração.
E ela me olhou com seu
inesquecível sorriso e total serenidade e disse: Que bom Kessi Jones. Fico muito feliz.
Ali, naquele momento, eu
compreendi a missão da Mila. E quando ela partiu para
os braços do Pai, embora acreditássemos – literalmente até o seu último suspiro
– no milagre físico, entendemos e aceitamos os propósitos de Deus.
O verdadeiro milagre
havia se concretizado: a construção da FÉ inabalável; a confiança na vida
eterna.
Hoje, um mês após sua
partida para os braços do Pai, em um momento em que a ausência física se faz
mais presente, meu maior sentimento é GRATIDÃO.
Gratidão à Mila por ter
se doado por amor a nós.
Gratidão a Deus por tê-la
carregado no colo quando a força física já não existia.
Gratidão a todos que
rezaram e rezam pela Mila e por nós que aqui permanecemos.
Que a paz de Cristo reine
no coração de cada um e que esta dolorosa poda da vida não nos seja em vão; que
a FÉ seja nossa sustentação.
Fiquem com Deus!
Abraço carinhoso e cheio
de FÉ.
Kessi Jones (para
sempre).